quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Serás tu ou serás outro?

Máscaras! Vejo-as em todo o lado e em toda a gente! Vejo-as por onde passo e por onde paro. Vejo-as nos vendedores com a promessa do melhor produto, vejo-as nos políticos com a promessa de melhor futuro, vejo-as nos patrões com promessas de melhores ordenados, vejo-as nos vizinhos que saem dos seus carros topo de gama com um sorriso enorme, mas que se esqueceram que aquele fato já está sem cor de tantos anos de uso, vejo-as até quando olho para um espelho e surge a minha imagem!

Sim, não sou hipócrita ao ponto de dizer que não uso máscaras no meu dia a dia. Todos as usamos! Mas estas máscaras não são de Carnaval, são antes umas bem mais difíceis de se distinguirem do rosto da pessoa. São as mascaras que usamos para camuflar algo de mau (ás vezes algo de bom), ou para nos fazermos passar por quem não somos, para mostrar uma imagem que na realidade não é a nossa.

Uso máscaras. Principalmente uso para me proteger dos outros, da sua maldade, da sua vontade e quase necessidade de prejudicar ou ver o próximo na ‘mó de baixo’. Uso-a para transmitir que está tudo bem quando na realidade tenho a alma destroçada, uso-a para não ter que falar dos meus problemas aos outros, como se simplesmente não os tivesse, uso-a para ninguém se aperceber que a minha vida é mais danificada do que a beleza que possa transparecer.

Mas há quem as use de forma bem diferente (chegando a ser uma forma maliciosa), para não mostrar a sua verdadeira identidade, tentando passar a imagem de alguém superior, alguém que é melhor que os outros, alguém que não são. Vive-se numa época em que o mundo se rege por modas e costumes, associados a imagens de felicidade e riqueza que poucos podem usufruir. É ver-se na televisão anúncios àquele perfume de marca estrangeira, àquela roupa que os famosos usam, àquele carro topo de gama, àquela casa na melhor zona da cidade, e logo a seguir as muitas empresas de créditos e os bancos cheios de facilidades (se ao menos tivesse lido as letras pequenas, perceberia que não era assim tão fácil), que nos fazem acreditar que é possível adquirir tudo isto! Todos eles põem a sua máscara mais sorridente e tentam vender-nos uma imagem de vida que todos sonhamos ter.

E acabamos por querer viver essa vida de sonho, viver esta imagem tantas vezes supérflua, fútil, até mesmo destruidora para quem não se apercebe a tempo dela. Existe até quem, viva tanto tempo com a sua máscara que esta se torna uma segunda pele, da qual dificilmente se conseguem dissociar. Acabam por viver em função de uma inveja quase mesquinha, de ter o mesmo ou algo melhor que o seu “vizinho”. Vivem em função de um sonho que não é o deles, esquecendo os seus próprios e os objectivos traçados. Será mais fácil viver o sonho de outra pessoa do que tentar viver o nosso? Será mais fácil imitar o que outros fazem, do que termos consciência do que nos faria feliz? Será mais fácil acreditar que a nossa felicidade está naquilo que faz os outros felizes? Certamente será, mas também certamente não teremos uma vida a que possamos realmente chamar de nossa.

A felicidade não está em termos o que o nosso semelhante tem, nem tão pouco em termos tudo aquilo que queremos. Esta encontra-se mais facilmente num brinquedo velho que nos recorda a infância, que num telemóvel novo que apenas substitui o que comprámos à 6meses. A felicidade está naquilo que nos faz sentir realizados, no que nos alegra o coração, no que nos aquece a alma, e não naquilo que coloca um sorriso na cara (ás vezes na máscara) dos outros. Todas estas máscaras deviam ter uma etiqueta, bem grande e virada para fora, de forma a conseguir-mos facilmente identificar o seu propósito, para que quando estivermos a falar com alguém, agarra-las pelos elásticos e arranca-las, para vermos com quem realmente falamos.

Devemos usar máscaras sim, mas só as de plástico e no Carnaval. As outras… as outras mais vale deixa-las no baú do esquecimento!..

1 comentário:

  1. Olá, visitei após um comentário teu na umbilicalidades, acho que acertei.
    Quanto ao post, sim, porque eu comento o post, acho que espelha bem aquilo que encontramos no dia-a-dia, máscaras, usando as tuas palavras.
    Apergunta que me ficou foi, não serão as máscaras a nossa personalidade? moldada pela cultura.Uma vez que não existe, cá para mim, livre arbitrio.
    Acho que vou voltar.
    Até já.

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