terça-feira, 24 de agosto de 2010

Num mundo fechado, um recanto com mente aberta! (pequena Homenagem a Cem Soldos)

No passado fim de semana (21 e 22 de Agosto), fui a um festival (Festival Bons Sons ’10), que se realiza na pitoresca e acolhedora aldeia de Cem Soldos, perto de Tomar. Um festival que só se realiza de 2 em 2 anos e que é organizado pelos locatários, na sua maioria pessoa de uma faixa etária mais elevada. Um festival que prima pela diferença e originalidade, ao ter um cartaz musical composto apenas por artistas portugueses, valorizando assim o que de bom ainda por cá se cria, e dar oportunidade a estas bandas de ficarem conhecidas, outras ainda mais conhecidas. Tendo a aldeia de Cem Soldos pouco mais de 1000 habitantes, todos eles se juntam e todos eles fazem parte da organização do evento. Mas isto é apenas uma pequena introdução para tentarem perceber o que realmente extraordinário por lá acontece e que, de certa forma de ‘abriu’ o espírito e a consciência.

Como já disse, a aldeia tem cerca de 1000 habitantes, na sua maioria mais velhos… mas apenas em idade física, porque dificilmente se encontra um local com uma mente tão aberta e tão sem qualquer tipo de preconceito! Num mundo onde vigora o racismo, o preconceito, o egoísmo, as invejas, consola-me a alma ver, e acima de tudo viver, nem que seja por 2 dias o oposto da realidade actual. É incrível e emocionante (quando se ‘perde tempo’ a pensar nisto) como é que uma coisa tão simples e bela é, ao mesmo tempo, tão difícil de encontrar no dia a dia… harmonia! Harmonia entre Homens, harmonia entre os Homens e a Natureza, Harmonia entre o Homem e as suas crenças… Harmonia no seu estado mais puro. Em cada esquina viam-se desconhecidos a partilhar o pouco que tinham, a partilhar historias, a partilharem experiências, a ouvir as pessoas locais, a brincarem uns com os outros, a entre ajudarem-se… no fundo a partilharem a sua vida, sem pensarem em julgamentos. Não é em qualquer lugar que se vê uma tão grande diversidade de gostos, crenças, etnias, conviverem em tão imensa homogeneidade. “Hippies, rastafaris, metaleiros, góticos, betos” (desculpem estas denominações, mas é apenas para dar a ideia da diversidade), novos, velhos, habitantes e não habitantes, todos vivem harmoniosamente e sem preconceitos.

Tocou-me, e em boa verdade mudou a minha forma de encarar as diferenças dos outros, até porque nesta linha de raciocínio também eu sou diferente destes, e não gostaria de ser posto de parte, ou que fizessem juízos de valor errados, apenas por esse motivo, ser diferente. Porque já diz a sabedoria popular: “não faças aos outros, aquilo que não gostarias que te fizessem a ti!”. Este festival serve perfeitamente como exemplo de cidadania, onde com tanta diferença, não existiu nenhum tipo de choque cultural, e foi sem dúvida nenhuma a abertura de ‘janelas de mentalidade’ para inúmeras pessoas.

Agradeço portanto, a todos os Cem Soldenses pela magnifica iniciativa (iniciada em 2006) e pelo extraordinário trabalho desenvolvido, pela hospitalidade com que receberam todos os visitantes, por todos os sorrisos espalhados nas caras e corações de quem nos recebeu, a nós os forasteiros! Fico a aguardar pelo próximo BONS SONS’, querendo, com certeza absoluta, ir todos os dias e se possível como voluntário e acampar, para mais uma vez poder simplesmente, saborear a vida!

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