quinta-feira, 29 de julho de 2010

"Almas Gémeas"

A busca destas, será talvez, o Santo Graal dos tempos modernos. A incessante e muitas vezes inglória tentativa de nos vermos lado a lado com alguém que nos compreende, alguém que nos apoia incondicionalmente, alguém com quem vamos passar toda a nossa curta existência num amor sem fim…

Mas será que existem realmente “almas gémeas”, e a existirem, será realmente esta a pessoa indicada para nós?

É certo que existem… Existem até a um qualquer fatídico acontecimento em que tudo o que sonhamos rui como um debilitado castelo de cartas construído no quintal em dia de vento. Existem durante a paixão do inicio de qualquer relação, existem quando na mais triste ocasião da nossa vida essa pessoa está lá a dar o ombro, e o outro, e todo o seu ser para nos apoiar, existem quando vivenciamos o dia mais maravilhoso da nossa vida e essa pessoa está de mãos dadas connosco…

Mas não serão estas “almas gémeas” uma ilusão, algo criado por nós para nos faz acreditar que iremos viver felizes para sempre e que nunca estaremos sozinhos?!

Senão reparemos… Acreditamos piamente que uma pessoa é a nossa “alma gémea” porque essa pessoa nos diz que nos ama, porque nos apoia sempre, porque até casámos e tivemos uns filhos lindos, porque me leva a passear para onde mais gostaríamos de ir… e toda esta construção do castelo, nos faz acreditar que tem cada vez mais bases sólidas e um futuro… Mas, é então que vem o vento, e num momento de fraqueza, encontramos a nossa “alma gémea” com outra pessoa, e tudo se desmorona… e aí as “almas gémeas” deixam de existir. Deixamos de acreditar que podemos ser felizes e que não estaremos sozinhos quando dermos o ultimo suspiro… e tudo o que tínhamos como certo passa a dúvida… e nesta altura só temos duas opções, ou nos deixamos ficar nesta apatia ou partimos de novo na tal incessante busca pela nossa “alma gémea”…

Então outra pergunta se impõe, teremos só uma “alma gémea” ou teremos mais do que uma? Talvez nenhuma, e é nisto que acredito… Porque uma “alma gémea” supostamente é algo único, e que só se encontra uma vez na vida, e não algo que vamos tendo e trocando.

É certo que vemos muitos casais que estão juntos durante anos, viveram sempre juntos e irão morrer juntos, mas isto não quer dizer que fosse a pessoa certa para termos passado a nossa vida… se tivermos que abdicar de sonhos, de objectivos, de fantasias, ou se por uma imposição inconsciente “obrigamos” a outra pessoa a ser ela a abdicar, é certo que não foi uma vida vivida na sua plenitude. E tantas outras vezes o que nos mantém ao lado de uma pessoa não é um amor, mas um medo e uma incerteza de não conseguirmos encontrar outro alguém que queira estar connosco. Porque é tão mais fácil ficarmos no nosso porto seguro, do que subir para um barco e entrar mar dentro, com todas as adversidades que este nos impõe, á procura de novo porto seguro, correndo ainda o risco de não avistarmos tal porto.

Mas indo mais fundo na expressão “almas gémeas”, esta palavra ‘gémeas’ remete-nos para alguém em tudo similar a nós, alguém com os mesmos gostos, com as mesmas ideias, as mesmas atitudes, com a mesma filosofia de vida?! Se assim for, ainda menos acredito que esta seja a pessoa indicada para nós… De que nos vale gostarmos de preto e branco e termos ao nosso lado alguém que também goste das mesmas cores, quanto muito conseguiríamos ter dias cinzentos, um pouco diferentes do habitual…. De que nos vale gostarmos de arroz e feijão e termos ao nosso lado alguém que goste do mesmo, iríamos comer sempre do mesmo, variando raramente o paladar… de que nos vale sermos uma pessoa séria e termos ao nosso lado alguém igualmente sério, quanto muito teríamos eternas conversas sem o mínimo de alegria... ou sermos muito divertidos e termos alguém ao nosso lado igualmente divertido, e basicamente passar a vida numa eterna palhaçada sem nos ralarmos muito com todas as coisas sérias da vida…

Não faz muito sentido, nem gosto sequer de pensar nesta visão tão limitadora e agonizante de uma vida a dois… prefiro antes o termo “cara metade”, que nos leva a outra visão mais animadora da vida.

“Cara metade” já não é aquela pessoa que é nossa gémea, mas sim aquela pessoa que nos vai completar em tantos aspectos da nossa vida… alguém que gosta de vermelho e verde e azul, e com isso podemos passear em prados repletos de cores, navegar por entre os oceanos mais límpidos e observar os corais mais coloridos, voar pelos céus ás costas dos pássaros que pincelam as nuvens de cores.. alguém que goste de batatas, cenoura, milho, e podermos ter todos os dias uma refeição diferente, apreciar cada sabor novo que só uma mesa repleta de iguarias nos pode proporcionar… alguém que seja sério quando nós somos divertidos e vice-versa, para desta forma conseguirmos conciliar a dureza que é a vida, com a diversão com que a tentamos viver…

Por tudo isto, talvez fosse melhor sairmos da ilusão da “alma gémea” que nos limita os passos, que nos impele num único sentido de busca, e abraçarmos outras perspectivas.

Acredito que seremos mais felizes com uma “alma complementar” (ou cara metade) de que com uma “alma gémea”, é nesta certeza que continuo esta minha demanda em busca do meu Santo Graal.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Tudo começa no inicio..

Olá!

Decidi finalmente começar a escrever, ou pelo menos a tentar, um ‘blog’.

E talvez a melhor maneira de o começar seja mesmo pelo inicio, e supostamente isso será apresentando-me! Chamam-me Eduardo Pinto (e não ‘chamo-me’, porque não tenho o hábito de andar por aí a chamar-me a mim próprio), tenho 26 anos e sou um trabalhador que se pode considerar dedicado à sua causa. Os meus amigos também me apelidam de “Ed Moscatel” pelo simples facto de gostar bastante da bebida constante no apelido, e “Thatsnice” que remonta ao tempo em que eu era um acérrimo jogador de um MMORPG (Massive Multiplayer Online Role-Playing Game). Jogo este que teve tanto de bom com de mau… Ajudou-me bastante a desenvolver o meu inglês e a conhecer novas pessoas, mas também me ia arruinando a vida, quase perdendo a namorada e pode-se dizer que foi uma grande catapulta para falhar nos estudos… mas esta conversa fica para outro dia, quando o tema assim o entender.

Agora o importante mesmo é o porquê disto!

E porque apresentar-me em vez de me remeter para o anonimato como muitos ‘bloguistas’ o fazem? Acima de tudo porque penso que as nossas opiniões, os nossos ideais, as nossas ideias, a nossa forma de encarar a vida e a forma como nos expressamos, é tudo fruto da pessoa que somos e das experiências de vida que vivemos. E algumas vezes, se não mesmo muitas, escrevermos alguma coisa para outro alguém ler, e se queremos ser bem interpretados e desta forma transmitir o âmago da nossa mensagem, é necessário que haja um conhecimento prévio da nossa pessoa por parte dos outros. Até mesmo para os outros entenderem o porquê de dizermos isto ou aquilo…

Não faço ideia se alguém vai seguir este meu projecto, a verdade é que escrever sempre foi para mim uma paixão (logo ali colada a ler), por isso vou aproveitar esta oportunidade das novas tecnologias e tentar espalhar ao máximo os meus pensamentos, experiências, conquistas, desilusões e ilusões. Vai ser essencialmente um local onde vou deitar tudo cá para fora, sem medo de julgamentos e opiniões, coisas que precisamos tirar cá de dentro, de dentro do peito ou de dentro da mente (dependendo da necessidade do meu ser).

Afinal de contas, todos nós temos as nossas coisas… que ou carregamos sozinhos a vida toda, ou que partilhamos e aliviamos esta nossa viagem que é a vida.